Após o
período de recesso pós-eleições políticas e agora em um ambiente novo e mais
bem estruturado, o Bar do Bel, localizado no Iate Clube de Aracaju, recebeu na
noite desta quinta-feira, 6, o ainda prefeito de Aracaju Edvaldo Nogueira
(PCdoB). “Estou aqui pela terceira e última vez como gestor para responder
prontamente todas as questões”, começou o prefeito na 59ª edição do
NósnoCabaré.comConvidados, quando fez um balanço dos seis anos que ficou à
frente da Administração Municipal.
Orgulho
“Em seis
anos como prefeito, não tenho que deixar de ressaltar a política de valorização
do servidor e as políticas econômicas e sociais nunca vistas. Sem contarmos com
o governo de Déda, temos ações significativas: como o viaduto do DIA, os mais
de 100 km de ciclovia, percentual maior que os estados de São Paulo e Rio de
Janeiro, o Bairro 17 de Março (conhecido com o ‘Bairro Novo’) para as pessoas
que moravam em condições subumanas, reformas e construção de unidades de
ensino, implantação de laboratórios de informática nas escolas, valorização
salarial dos professores da rede, a entrega de mais 5 mil computadores, a
pavimentação dos bairros Padre Pedro e Santa Maria e o recapeamento asfáltico
de diversas localidades”, exemplificou Edvaldo Nogueira, quando perguntado o
que mais lhe orgulhou como administrador de Aracaju.
“Mas uma
das coisas que mais me orgulha como prefeito é ter Aracaju como a cidade da
qualidade de vida, estabelecida pelo Ministério da Saúde e transmitida no Globo
Repórter, do canal Globo de Televisão, um veículo de comunicação totalmente
apartidário”, falou entusiasmadamente.
Decepção
“O que me
deixou triste como prefeito foi não ter construído o aterro sanitário para
Aracaju, apesar dos esforços feitos pela minha equipe, mas que não dependiam de
nós, já que ele teria que ser construído em uma área localizada em Nossa
Senhora do Socorro ou São Cristóvão, o que não foi aceito”, disse. “Outra coisa
que me entristeceu foi não ter realizado a licitação do transporte público, que
até agora continua suspenso por uma liminar judicial”, complementou.
Ações
“Edvaldo
disse ter feito cinco vezes mais do que o prometido na campanha eleitoral.
Deixaremos cinco milhões de reais já financiadas em obras para serem concluídas
pelo próximo gestor, como o viaduto da Tancredo Neves, praças, escola e
estradas. Estarei, ainda, acompanhado os novos gestores eleitos, nesta
sexta-feira, 7, buscando recursos junto ao Ministério das Cidades do Governo
Federal, no valor de 104 milhões e que, sendo aprovado, será destinado à
construção do Parque de Mobilidade Urbana em Aracaju”, enfatizou.
Saúde
“Nós
temos a cobertura nas localidades do município de 90% do SUS. As Unidades de
Pronto-Atendimento (UPA’s) Fernando Franco e Nestor Piva atendem centenas de
pessoas diariamente, com patologias de baixa e média complexidade. Possuímos
uma rede de atenção básica com as equipes de saúde da família atendendo a
população, mas que infelizmente tem problema estrutural, graças a uma inversão
e distorção da realização dos exames prescritos pelo médico, muitas vezes
desnecessários, o que gera sobrecarga na rede”, explicou.
“Hoje, eu
sou o prefeito que mais investe na Saúde. Ao contrário dos 15% estabelecidos em
lei, destinamos 21% da nossa arrecadação, além do Estado que destina 12% dos
seus recursos, gerando um investimento total de 33%”, informou. “Comparando com
outras cidades brasileiras, estamos bem, mas precisamos melhorar. O problema da
saúde não afeta apenas a nossa cidade, mas todo o país. Retirando Curitiba
(PA), Belo Horizonte (MG) e São José do Rio Preto (SP) do páreo, não existe uma
cidade melhor do que Aracaju em termos de saúde. Falo com conhecimento de causa”,
disse Edvaldo.
Outro
fato também levantado pelo prefeito tem sido a grande procura pela saúde de
Aracaju “que tem hoje cerca de 600 mil habitantes e tem mais de 2,5 milhões de
cartões SUS, atendendo pessoas dos estados da Bahia, Alagoas e às vezes de
Pernambuco”, completou.
“Defendo
a unificação dos Samu’s municipal e estadual, o que gera uma economia de mais
de 600 mil reais. O problema não é unificar, mas garantir uma melhor
operacionalização do serviço de urgência”, disse, reconhecendo também a
necessidade de se discutir as questões trabalhistas, já que existem dois
regimes jurídicos.
Previdência
Quanto à
questão da Previdência Social, defendeu que a mesma seja compartilhada,
descontando tanto do salário dos servidores quanto da Prefeitura Municipal, e
assim, está sendo feito desde o ano 2000. “Hoje temos uma previdência
equilibrada, com a poupança acumulada em cerca de 200 milhões de reais, que são
destinados à aposentadoria dos funcionários públicos”, disse. “A nossa
preocupação é que esses recursos não venham a ser utilizados por futuros
governos”, alertou.
João
Alves Filho e as eleições 2012
Na
avaliação de Edvaldo, foram vários aspectos que levaram a vitória de João Alves
Filho (DEM) nas urnas. “Vivemos um processo político fragmentado, desde 2010,
apesar da vitória significativa dos candidatos do nosso grupo: governador,
senadores e deputados; mas que levou posteriormente a nossa coligação a
discussões internas”, analisou.
“Por
outro lado, a candidatura de Valadares Filho (PSB) só foi consolidada pelo
nosso grupo no final do mês de junho. Se tivesse sido lançada há mais tempo - março
ou abril - iríamos para o segundo turno e ganharíamos a eleição”, profetiza. “O
nosso candidato, desde as primeiras pesquisas, cresceu de 9% até conquistar
38%; João Alves, ao contrário, caiu, passando de mais de 60% até os 52%”,
explicou. “Se o nosso grupo não estivesse tão dividido e tivéssemos mais tempo,
ganharíamos a disputa eleitoral”, completou.
PCdoB e o
futuro
“Estamos
vivendo o maior momento de instabilidade política. No futuro, muitas pessoas
vão se surpreender com o que irá acontecer. O meu partido está em extensão e
apoiaremos o candidato do nosso grupo que tem toda a tendência para ir à
disputa majoritária, que é o atual vice-governador Jackson Barreto. Já Marcelo
Déda sairá como candidato ao Senado”, declarou.
“Ficarei
com Déda até os últimos momentos dele como político, desde os alegres e até os
tristes. Se tiver apenas um político ao lado dele, esse serei eu”, falou.
Proinveste
Em
relação ao Proinveste, disse que Brasil está sofrendo reflexos da crise
internacional e o Governo Federal já adotou medidas em relação à macroeconomia,
uma delas foi o crédito. “Um fato inédito foi o nosso Estado, o único do
Brasil, não conseguir ter aprovado pela Assembleia Legislativa um empréstimo
que iria nos beneficiar. Perdemos, ao contrário dos nossos vizinhos Bahia e
Alagoas, obras importantes e estruturantes que seriam realizadas com estes recursos,
a exemplo de centros Profissionalizantes, construções de milhares de casas,
rodovias, um Instituto Médico Legal (IML), Hospital do Câncer, além de outras.
A minha maior infelicidade foi o que vi na última quarta-feira, 6, uma divisão
e fragmentação dos deputados contra o Estado de Sergipe, nunca visto
anteriormente”, afirmou.
Considerações
“Algumas
pessoas opinam sem terem embasamento. Eu não vou me deter às impressões e
opiniões dessas. Deixarei o município de Aracaju sem dívidas e as obras que
estão ainda em andamento serão deixadas com os seus recursos garantidos e
financiados”, afirmou.
“Eu fico
feliz em poder compartilhar meus últimos momentos enquanto prefeito, a
participar do Cabaré de Quinta. Todo o trabalho realizado pela atual
administração não foi feito sozinho, mas junto a uma equipe de secretários e
servidores e apoiado pela sociedade”, concluiu.
Por Daniela Domingos