sexta-feira, 2 de março de 2012

Almeida Lima: “Precisamos acabar com os ladrões de licitações e prestação de serviços”


*Por Daniela Domingos

O deputado federal Almeida Lima (PPS) marcou a volta do Cabaré de 5ª, evento que reúne profissionais de imprensa e formadores de opinião de todo o estado para discutirem temas de relevância social e política na atualidade. O parlamentar reabriu os trabalhos do encontro semanal falando do seu projeto de governo que o fará se eleito prefeito de Aracaju em 2012.

O retorno do Cabaré também veio com novidades. Ele agora acontece no barzinho “Meu Boteco”, na Avenida Tancredo Neves, no bairro Inácio Barbosa, onde serão sabatinados pré-candidatos à Prefeitura de Aracaju em 2012. O local, mais acolhedor, suprirá e atenderá a demanda dos cabarezeiros, pois em outras palavras, o Templo Gelado estava pequeno para tantas pessoas.

Ex-prefeito de Aracaju durante apenas dois anos, 1994-1996, época em que deixou de ser vice de Jackson Barreto para assumir a prefeitura, Almeida Lima, em sua breve apresentação inicial, convidou os presentes a prestigiarem o lançamento oficial da sua pré-candidatura no próximo dia 16 de março, na Assembléia Legislativa. “Apresentarei a minha proposta de governo, mas não é finalizada. Iremos construir juntos, com a comunidade, com os estudantes, com o povo, com cada segmento da sociedade”, disse. “E eu me sinto à vontade com cada item que for perguntado”, declarou.

Loteamento do Pantanal no Inácio Barbosa 

Indagado por uma moradora do Pantanal, caso Almeida Lima seja eleito gestor, para onde irão os que residem na localidade, já que a Prefeitura de Aracaju tem lá um projeto de revitalização e provavelmente entrará com uma ação de despejo.

Almeida Lima, saindo pela tangente, respondeu à senhora que ainda não tem condições de responder por que ainda não é prefeito de Aracaju. “Não conheço as razões da municipalidade, mas se um fato como esse for verídico e se eu fosse prefeito, antes da imprensa tomar conhecimento, eu reuniria a comunidade. Que fique claro: enquanto fui prefeito de Aracaju nunca despejei nenhum morador, sem antes consultar as partes interessadas”.

Como exemplo, a Praça Tobias Barreto, que antes de iniciar a reforma, fui ouvir os comerciantes dali. “Acrescentei diversas idéias ao projeto inicial. Porque eu tenho a convicção de que nós gestores não somos donos da verdade. Temos que sair do nosso gabinete e ter humildade de ouvir o povo. Por isso, o que fundamenta a minha proposta de governo são os interesses do povo, a demonstração popular e não os interesses da elite”, disse.

Mobilidade urbana

“Agora existirá licitação para o transporte público de Aracaju 15 anos depois de governo? É hilário. Até porque o transporte do povo é privatizado, como acontecem com as construtoras, onde são os empresários que mandam na Prefeitura de Aracaju. No meu governo municipal, entre os anos de 94 e 96, apresentei um edital de licitação, mas membros do PFL, hoje DEM, entraram com um mandato de segurança que impediu a sua publicação. E agora, 15 anos depois, haverá? E por que não houve antes? Por que o problema da mobilidade urbana só estourou agora ou foi paulatinamente?”, perguntou.

“E quais foram as avenidas construídas por João Filho em Aracaju? Temos a Rodovia José Sarney. Mas ela foi devidamente planejada? Sem ofertar a capacidade da mesma ser duplicada, sem poder ter estacionamentos?”, exemplificou o pré-candidato.

“Não é essa visão tacanha e míope que queremos, mas progressista para começarmos a falar de mobilidade urbana. Eu já falava antes na abertura de 15 novas avenidas, mas elas ainda não são suficientes, além de termos um transporte coletivo que também não é adequado. O que precisamos é de menos conversa para termos um projeto bem executado”, esclareceu, criando um mapa imaginário com as novas avenidas, que, segundo ele, desafogará o trânsito de toda a capital.

Meio ambiente

“Nenhum governo teve tão preocupado com o meio ambiente como o meu. Por exemplo, tivemos o maior crime ecológico, econômico e social, que foi a destruição do manguezal da Coroa do Meio. Foi destruído e, ainda, teve a injeção de inúmeros recursos financeiros”, disse o deputado federal, fazendo todos imaginarem como eram a Atalaia e a Coroa do Meio anos antes.

“Desafogar o trânsito e soluções para a mobilidade urbana são os desejos políticos de todos os prefeitos, mas têm que conhecer as particularidades locais. Eu não construí canais para deixar descobertos. Por que não se constroem ciclovias no local?”, perguntou.

Urbanismo

“Eu, como prefeito de apenas dois anos, sem apoio do governo, deixei praças belíssimas que foram praticamente destruídas: a Tobias Barreto, a da Catedral, da Camerino e da Bandeira. Mas agora é preciso dar ao cidadão a oportunidade de governar durante quatro anos”, afirmou.

“Temos ainda como projeto a transformação de um “shopping” no calçadão da cidade, o fortalecimento e a modernização da estrutura da guarda municipal, o comércio dos parquímetros e o renascimento do Centro da cidade”, enumerou. “A administração precisa se renovar, porque há mutações, não é estática e não deve ser feita uma administração apenas para a elite, com a construção de avenidas no Jardins, que só fortaleceram as grandes construtoras. No meu governo, foi pavimentada a periferia. E é isso: temos um projeto completo para Aracaju, de norte a sul, leste a oeste”, acrescentou.

“A Rodoviária Velha também não pode ser tratada de forma alterada. Quando se fala em reformulação, tem que haver uma revitalização sem prejuízos aos comerciantes e à população”, informou. “Eu acho que os ambulantes têm que ser tratados com respeito e não apenas os empresários”, disse.

“Esse plano de mobilidade é um caixão político. O que devemos ter é um planejamento estratégico de desenvolvimento econômico e social, um planejamento que funcione até 50 anos depois, com princípios norteadores, diretrizes, metas de governo e ações bem definidas. Hoje temos uma administração medíocre que não sabe o que fazer, mas na minha administração vocês sentirão a diferença”, disse.

“Eu sou oposição a João Alves e Marcelo Déda, que para mim os dois não há diferença. João tinha um Estado que considerava como um brinquedo e perdeu, já Déda é um ditador ao extremo, um agressivo parlamentar. Temos como exemplos os secretários que eram de um governo e hoje são do outro. Nós precisamos fazer a diferença”, pontuou.

Saúde

“A princípio, trazemos hoje um orçamento muito superior ao da época. Em segundo lugar, temos que oferecer um tratamento adequado aos nossos profissionais e, em terceiro, o paciente não pode sair do posto sem o medicamento, sem fazer os exames, estamos com um círculo vicioso, sem nem instalações físicas adequadas”, informou.

“Quanto às ambulâncias, tínhamos o mesmo quantitativo que hoje, com uma população maior. É necessária também a distribuição inteligente dos veículos de atendimento de acordo com as incidências de ocorrências e os locais estratégicos. Quanto o custo financeiro disso? Nenhum”, disse.

“Dinheiro nós temos, mas precisamos acabar com os ladrões de licitações e de prestação de serviços”, informou.

Publicidade

“Eu não vou fazer. Quando se terceiriza / contrata no poder público é onde mais se roubam. No meu governo, toda a parte de criação era feita pelos próprios servidores, pagávamos apenas a veiculação. Não existia esse lance de comissão para empresas e nem para produtoras musicais, quando eu queria contratar, por exemplo, artistas”, informou.

“Se a classe política hoje está desrespeitada é por causa do PT, que prometeu uma ética política e hoje tem a mesma ética de Fernandinho Beira Mar. 

Polêmicas

Quando indagado sobre a polêmica da compra de uma rádio no valor de um milhão de reais, o deputado federal esclareceu que a aquisição se fez por parte do grupo de seis empresários, entre eles, José Augusto Vieira, do Grupo Maratá, que adquiriu uma parte de aproximadamente 50%.

“Mas se existir uma pessoa de coragem, pode me denunciar à Polícia Federal e ao Ministério Público. Eu sou ficha limpa, ao contrário de Marcelo Déda que responde por improbabilidade administrativa na construção da Avenida São Paulo. Eu não respondo a nenhum processo, já Jackson Barreto, é considerado o político que tem a ficha política mais suja do Brasil”, desafiou, enquanto pediu aos ouvintes que anotassem o seu nome completo e CPF e realmente pesquisassem se haveria processo.

 “Para mim, o maior gargalo da Prefeitura de Aracaju é a (falta de) administração, o modo de gerir - este é o entrave. Temos quatro pilares para o funcionamento da administração pública, que nós temos que ter a visão, que são a Educação, o Desenvolvimento Social, Saúde e Segurança”, argumentou.

“Minha administração é clara, transparente com o que eu faço. Não é para quem tem rabo preso. Porque eu não tenho nenhuma retaliação”, concluiu.

O deputado federal, Almeida Lima, foi sabatinado por aproximadamente três horas, ultrapassando, inclusive, o tempo regular do Cabaré que estabelece duas horas.

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