Com uma grande bagagem na docência, na administração pública, no parlamento estadual e no sindicalismo, a deputada estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Ana Lúcia Vieira, compareceu pela terceira vez ao Cabaré de 5ª para ser sabatinada por jornalistas, radialistas e formadores de opinião do estado. Acompanhada por membros de luta do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Sergipe (Sintese), uma das principais representantes dos professores respondeu perguntas e expôs seu projeto de governo de Aracaju, caso seja eleita nas próximas eleições em outubro deste ano.
A maior representatividade política de Ana Lúcia Vieira foi, sem dúvida, quando esteve presidenta do Sintese entre os anos de 1992 e 1995, e agora como deputada estadual desde 2003, onde já chegou a liderar o PT no parlamento em 2003. Também já esteve secretária de Educação de Aracaju durante 14 meses.
A sessão nesta quinta-feira, 15, durou um pouco mais de duas horas e aconteceu no espaço do Bar Meu Buteco, na Avenida Tancredo Neves, no Bairro Inácio Barbosa e teve início com a apresentação de slides contendo o seu plano político eleitoral, totalmente técnico, mas real, divido em eixos temáticos e informando que no próximo dia 24 irá disputar com o deputado federal Rogério Carvalho o lançamento do seu nome para a candidatura à Prefeitura de Aracaju com os membros do partido.
Apresentação técnica
A deputada estadual iniciou a sua apresentação conceituando a cidade, nas perspectivas econômica, social, política, psicológica e geográfica. “É um espaço de convivência social organizado por homens, mulheres e crianças. E para definir melhor a cidade de Aracaju e o seu cenário sócio-econômico utilizamos de questionários para população para eles conceituarem como eles se vêem como povo”, disse.
De acordo com dados do IBGE, a população aracajuana é formada basicamente mais por mulheres do que por homens, com mais incidências de negros e pardos. O que mais gera emprego em Aracaju, nessa ordem, são a prestação de serviços, a administração pública e a construção civil, com mais homens no mercado de trabalho e um grande número de jovens presentes.
Na saúde, tem-se a predominância do setor privado mais do que o público, ou seja, as empresas particulares têm os melhores equipamentos, médicos e por isso sua maior procura. Já na educação, houve a queda do quadro de matrículas na rede de ensino municipal. Em relação aos transportes, existem poucos ônibus para atender a população, o que se torna necessário priorizar um plano de mobilidade urbana.
Eixos de implementação
Segundo a deputada, deverá haver uma modernização administrativa, transparente, participativa e democrática para a Prefeitura de Aracaju. “Necessitará também uma implementação do Plano Diretor com a participação direta e participativa do povo, para assim consolidarmos a democracia”, disse. “Eu, enquanto fui secretária, nunca fui acusada de não conversar com os conselhos e sindicalistas, porque a minha vivência sempre foi pautada por princípios de democracia, de saber ouvir e interpretar as pessoas”, acrescentou durante o diálogo com os presentes.
Falando em comunicação, Ana Lúcia Vieira ressaltou a questão como um direito fundamental da pessoa humana à cidadania. “Desse modo, buscaremos ter concessões públicas de TVs e rádios educativas, banda larga pública e gratuita em toda a cidade e subsidiar 20% do orçamento municipal para a comunicação, direcionando para as mídias alternativas.
A educação, sua área dominante, a parlamentar propõe uma escola pública democrática e participativa, com a universalização do acesso, a ampliação da educação de jovens e adultos e a volta ao avanço do nível educacional da população, que teve um declínio nos últimos cinco anos. “Como educadora eu vou discutir com todos os segmentos para construir uma escola para todos”, acrescentou.
Para a saúde, a pré-candidata sugere um cuidado com a infra-estrutura, desde a melhoria da higiene e do saneamento básico para que se possa promover a saúde. Ela ainda dividiu o tema em subeixos: a eficiência e a eficácia do funcionalismo público, baseado no diálogo; a manutenção de equipamentos, com a definição de metas; e o diálogo com todos os gestores do próprio município e de todo o estado. “Há também um descompromisso e omissão em relação à saúde, precisamos de um processo de redemocratização”, acrescentou no momento da sabatina. “A área médica não pode ser mercantil, mas de conversas com o sindicato, gestores, médicos para atender as metas”, disse.
Na cultura, turismo, esporte e lazer, Ana Lúcia pensa a cidade não apenas para o turista que esporadicamente visita, mas para os que residem aqui. “Vamos criar espaços de promoção, expressão, busca e afirmação da identidade sergipana e aracajuana. “Precisamos de uma política de integração do turismo e não apenas de grandes obras”, disse.
Na assistência, inclusão social e cidadania, a deputada observou que a maioria da população não sabe os serviços que lhes são ofertados para a geração de emprego e renda. Já a ciência e a tecnologia não podem ser separadas de outras secretarias, devem ser debatidas juntas.
Para a mobilidade urbana, “devem-se priorizar os espaços físicos e meios de transportes para toda a população”, disse. A habitação, por sua vez, criar espaços físicos para a periferia, tendo um olhar especial para a cidade como um todo. “Não existe qualidade de vida sem mobilização urbana”, acrescentou.
No meio ambiente, infra-estrutura e serviços, deve-se ficar atento para água, esgoto, drenagem e resíduos urbanos. “Aracaju é uma cidade ambientalmente frágil, construída em mangues. Vamos criar uma cidade sustentável e com verdadeira qualidade de vida”, atentou.
Para o desenvolvimento e distribuição de renda, a deputada apresentou os resultados de enquetes sociais, das queixas mais freqüentes quanto à saúde, o perfil das entrevistas em relação à escola pública, limpeza urbana, assistência social, os principais locais utilizados pelo aracajuano para o lazer e os seus principais anseios, que estão à frente a segurança, educação e saúde.
Sabatina
A primeira questão levantada foi sobre a questão do lançamento de um candidato do PT, mesmo com o grupo desestruturado, sem o apoio das grandes coligações. Para Ana Lúcia, a candidatura deverá ser feita com os aliados de base, tal como aconteceu em 2006, através de um diálogo. “Também não acredito em um império do dinheiro, que queira eleger o companheiro Rogério Carvalho com o representante ao cargo de prefeito de Aracaju. Porque sem uma votação interna, o nosso partido perde o caráter”, completou.
Em seguida, um ouvinte quis saber a sua nota em relação à gestão do secretário de Educação de Aracaju Antonio Bittencourt, com a implantação de novas tecnologias. “Novos instrumentos sempre merecem nota 10, mas temos que recuperar as matrículas através de uma chamada pública, valorizar mais o magistério e termos uma gestão democrática e participativa com os pais, a comunidade e a escola. Cuidam tanto do jardim e esquecem da casa, porque compete ao poder público ter uma escola acessível para os alunos”, ironizou.
Drogas, um dos maiores problemas da atualidade, Ana Lúcia debateu o tema com sabedoria. “Vamos combater os traficantes, enfrentar esse mal e acabar com os preconceitos, discutindo com os professores e juventude políticas públicas para resolver a questão e assegurando um futuro para os jovens.
Quanto ao aterro sanitário, a pré-candidata discorreu sobre uma licitação do lixo, que evitará posteriormente um caos. “Licitação é uma necessidade e é o princípio que norteia qualquer administração pública. E quando falamos em resíduos, é fundamental uma usina de lixo que promova reciclagem e seleção, sempre em acordo com o meio ambiente”, afirmou.
Uma nova política pública para as mulheres também deve ser priorizada, de acordo com a deputada Ana Lúcia, principalmente quando se trata da violência contra as mulheres, a sua autonomia econômica e social e a sua vulnerabilidade.
Voltando mais uma vez à educação, a parlamentar falou da necessidade da construção de creches para favorecer as mulheres que trabalham fora. “Por sua vez, deve haver sim o pagamento do piso salarial do magistério e o plano de carreira, para valorizar os mais qualificados, e assim conquistaremos a categoria. Também está em falta um concurso público para os trabalhadores em educação, para os técnicos e equipe administrativa”, disse.
“Também devemos adequar a escola para atender as necessidades dos portadores de deficiência, independente de questões sociais e físicas, promovendo uma inclusão para todos. É preciso pensar os portadores de necessidades especiais além do óbvio, porque muitas coisas podem ser feitas, mesmo com poucos recursos”, opinou.
Por Daniela Domingos
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