quarta-feira, 8 de agosto de 2012

"FHC queria fundir o Banco do Nordeste com outros bancos"



A expectativa que existia no governo de Fernando Henrique Cardoso era de uma possível junção do Banco do Nordeste com outros bancos, possibilidade que não foi e nem será aceito por ser o BNB um instrumento importante para o desenvolvimento da região Nordeste.

O Banco saiu de investimentos da ordem de R$ 1,2 bilhão em 2002 para cerca de R$ 22 bilhões em 2012, na região Nordeste que hoje não é mais problema para o Brasil, mas uma solução e devemos ter cuidado para que não haja um foço dentro da própria região.

As declarações foram feitas ontem, pelo superintendente do Banco do Nordeste em Sergipe, Antônio Cesar de Santana, durante entrevista na 53ª edição de NósnoCabaré.comConvidados, encontro realizado todas as quintas-feiras no bar Meu Buteco, na avenida Tancredo Neves, quando foi sabatinado por cerca de duas horas.   

Fusão

O tratamento que é dado hoje ao banco é totalmente diferente do tratamento que era dado pelo então presidente FHC que pretendia fundir o Banco. Os recursos não chegavam ao produtor e nem aos empresários. O tratamento para os agentes produtivos era inadequado para o fomento e não houve aumento nas ações do banco.

O BNB é um instrumento importante para o desenvolvimento da região e essa visão foi percebida pelo governo Lula e Dilma. Em 2002 o volume de recursos foi de ordem de R$ 1,2 bilhão, já a estimativa para 2012 é da ordem de R$ 22 bilhões na região Nordeste, que hoje não é mais problema para o País, mas uma solução, onde devemos ter cuidado para que não haja um foço dentro da própria região, adverte Antônio Cesar.

Recursos

O Banco do Nordeste foi o banco que mais aportou recursos no estado, atendendo os três setores: primário, secundário e terciário, como também recursos para o capital de giro, tanto a longo como a curto prazo.

Em 2011 foram carca de R$ 969 milhões, de uma estimativa da ordem de R$ 1 bilhão. Em 2012 o volume de recursos será cerca de 20% a mais, devendo chegar em torno de R$ 1,2 bilhão devido ao aporte de indústrias no estado. No seguimento do milho o volume de recursos foi da ordem de R$ 50 milhões.

O microcrédito urbano deve aportar cerca de R$ 100 milhões, considerando o investimento rural e urbano.

Investimentos

Em 2012 para os 11 estados atendidos pelo Banco devemos aportar cerca de R$ 25 bilhões, como também até 2013 mais 25 agências devem ser abertas em Sergipe em municípios com mais de 50 habitantes.

Associativismo

Existe falta de associativismo, que ao invés do agricultor pensar no conjunto, ele pensa somente em si. Falta organização, para que se possa ter assistência técnica, seja pública ou privada, como também as prefeituras cumprirem a lei que obriga que os gestores públicos adquiram 30% da produção rural familiar para incrementar a merenda escolar. “Será que os pequenos produtores sabem disse”, questiona Antônio Cesar, acrescentando que o cumprimento dessa lei escoaria a produção.

Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf)

“É segmentado por áreas, de acordo com as categorias de renda do agricultor. Temos vários financiamentos para os produtores familiares que não possuem emprego na cidade. Eles podem até ter um emprego informal dentro do seu povoado, mas tem que ser em seu aglomerado rural”.

Já o FNE deve aportar cerca de R$ 4 bilhões e a disponibilidade do banco são da ordem de R$ 11 bilhões.

Vocação

“Precisamos observar a vocação de cada município, além de possuir uma reserva estratégica para o período de estiagem, para melhor ser explorado pelos produtores da região, porque se não for observado essa vontade, o agricultor terá dificuldade em reembolsar o financiamento. Em Itabaiana, está sendo estruturado um distrito industrial com o apoio do Banco do Nordeste. Nós olhamos para todos dos setores: primário, secundário e terciário”.

Projetos

“Por que o banco não elabora o projeto do cliente? Os projetos não são nossos, mas do cliente. O nosso papel é analisar o seu aspecto técnico, teoria, vocação e interesse. Também não possuímos linhas de doação, mas de fomentação de negócios. Somos uma instituição financeira que possui mais de quatro milhões de reais disponíveis para projetos. Somos o amigo do produtor”.

O Banco já atendeu nos últimos 15 dias cerca de 200 famílias que foram atingidas pela estiagem disponibilizando recursos da ordem de 1 milhão de reais, dos 4 milhões disponíveis.

“Os sergipanos são os melhores pagadores de suas dívidas, sejam os pequenos ou os grandes comerciantes. E são os menores que têm o seu papel de propagadores, apesar dos maiores terem seu papel de destaque”.

BNDES x BNB

“A diferença entre O BNDES e o BNB é que o primeiro não é multiplicador, não tem agências espalhadas, apesar de financiar obras, mas não atinge todos os clientes, apenas os grandes. É também de fomento de negócios, mas você, por exemplo, não pode abrir uma conta corrente. Ele atende toda a nação, e nós apenas os Estados que vão do Maranhão até o Espírito Santo”.

Publicidade

“Nos últimos anos, temos uma busca muito grande de financiamentos e temos que mostrar sempre os nossos resultados e, por isso, sempre apresentamos nos finais de ano nossas ações. Estamos à procura de lucros sim, mas a nossa maior preocupação é com a transformação social e econômica das pessoas, na geração de emprego e renda”.

Crise

Em 2008 se não fosse os bancos oficiais a situação seria totalmente diferente da que temos hoje, porque os bancos privados trancaram os recursos e ficaram esperando o que iria acontecer.

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