Do
que adianta o Estado ser obrigado a cumprir a Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF) e não cumprir os deveres da Constituição, que é o de
assegurar os direitos básicos ao cidadão, como saúde e educação? Não há preocupação com o povo. Por isso, não vamos respeitar a LRF, mas criar a Lei de Responsabilidade Social.
Foi o que disse na noite de ontem, a candidata a prefeita de Aracaju pelo PSTU, Vera Lúcia,
a segunda entrevista da rodada de entrevistas do Cabaré de Quinta, em
sua 55º edição de NósnoCabaré.comConvidados, evento que acontece todas
as quintas-feiras, no bar Meu Buteco, na avenida Tancredo Neves. Ela foi acompanhada pelo vice-prefeito, Vinícius Oliveira e respondeu questões durante mais de duas horas, sendo aplaudida diversas vezes pelos seus fiéis seguidores.
Composta
pelos partidos PSTU/PSOL/PCB, a coligação de Vera Lúcia é intitulada
‘Frente de Esquerda - Aracaju nas mãos do povo’. Para ela, “a cidade
será governada pelos trabalhadores e para os trabalhadores e o povo em
geral, os que realmente mais precisam do poder público. “A nossa
campanha está sendo financiada exclusivamente pelos trabalhadores. Sem
compra de votos, por que tem maior afronta para o candidato ser eleito
comprando votos? Qual a garantia de assistência que as pessoas que
aceitam isso podem cobrar?”, alfinetou.
Zona de Expansão
Toda
a área da zona de expansão aracajuana foi construída sem qualquer
infra-estrutura. Não possui transporte público eficaz, creches, escolas e
praças. Precisa-se repensar o modelo de cidade, já que algumas pessoas
parecem morar em verdadeiros resorts, isolados, que denominam
condomínios.
O
que foi que aconteceu com o Bairro 17 de Março? É um aglomerado de
casas, sem serviços públicos. Todas essas pessoas que moram no Santa
Maria e Coqueiral não podem ser lembrados apenas em tempos de eleição. E
a aplicação de recursos públicos não pode ser apenas para os bairros
nobres, disse.
Mobilidade Urbana
A
população aracajuana merece um serviço de transporte público de
qualidade, com mais ônibus servindo à população. Temos passagens caras,
os abrigos que não protegem ninguém da chuva e nem do sol, os ônibus são
insuficientes e em péssimo estado, e há a demora no tempo de espera.
Por isso afirmo que a mobilidade urbana é um dos maiores gargalos; mas
para resolver o problema, precisamos resolver a sua causa, que é um
transporte de qualidade, e assim que chegarmos na Prefeitura vamos
aumentar o número de ônibus.
Também
defendo a legalização dos táxis tipo lotação e dos mototaxistas, e o
passe-livre para os desempregados. É preciso sair da esfera particular e
pensar no público. João Alves, Almeida Lima, Valadares, Edvaldo
Nogueira e Marcelo Déda não andam de ônibus e não têm como discutir um
transporte público eficiente. Quem de vocês viu esses candidatos
preocupados em garantir ônibus de qualidade?, questionou. O que é viver
bem na cidade? Nós precisamos fazer uma engenharia no trânsito para ser
utilizada pela população e um desses pilares é o transporte público,
declarou. Defendo,
ainda, uma educação no trânsito, por isso não teremos ‘pardais’, apenas
redutores de velocidade onde forem mesmo necessários, avisou.
LRF
Do
que adianta o Estado ser obrigado a cumprir a Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF) e não cumprir os deveres da Constituição, que é o de
assegurar os direitos básicos ao cidadão, como saúde e educação? Não há
preocupação com o povo, afirmou.
Também
temos que acabar com a farra dos comissionados e dos terceirizados na
administração pública. A corrupção no Brasil tem início nos períodos
eleitorais, nos sistemas de troca de apoio político pelos empresários, e
depois utiliza o Estado para satisfazer os interesses dos mesmos,
disse.
Saúde
A
primeira medida para a saúde é um serviço de qualidade, com
profissionais que sejam respeitados. Também carecem aqui em Aracaju de
um hospital de urgência e emergência, uma casa de parto, e de atenção à
saúde da mulher, que hoje esperam longos meses para serem atendidas por
um especialista, protestou.
Não
podemos questionar ou selecionar quem vai à procura do SUS em Aracaju
pelos que têm plano de saúde ou que vêm de outras cidades e até dos
outros estados. Por outro lado, temos que acabar com a ilusão de que o
pago é melhor. O que é público é bom sim, por isso existe a procura
pelos serviços.
O
Hospital de Urgências de Sergipe (Huse) parece um hospital de guerra e
os candidatos precisam visitá-lo e utilizá-lo. Mas as pessoas que
conhecem a realidade não podem dar o voto a esses políticos responsáveis
pelo hospital.
Luta dos trabalhadores
Os
trabalhadores precisam sim de uma luta organizada, que não precisa ser
somente em época de eleições e de candidaturas. São eles que mais
utilizam o serviço público e é justo que eles lutem por melhores
condições, porque muitos estão em certas situações, não por escolha, mas
por necessidade. As pessoas precisam sobreviver com dignidade”, disse.
PT
Descrente
dos partidos chamados de esquerda, com exceção do PSTU, PSOL e PCB,
Vera disse acreditar que foi em 2000 que o Partido dos Trabalhadores
(PT) deixou de ser de esquerda, quando passou a atender os desejos da
burguesia e governar para ela. O PSTU e o PSOL tinham lutado junto a ele
por uma sociedade que tivéssemos as mesmas condições de igualdade com
dignidade, lembrou.
Na
nossa administração não terão os privilégios dos cargos comissionados e
dos donos das empreiteiras. Porque o que nos move é luta dos
trabalhadores.
Educação
Os
pais e alunos precisam de escolas públicas de qualidade, em sua
infra-estrutura, mas também deve haver a sobrevivência dos professores
com o pagamento do piso salarial. O que eu vejo é que é interesse da
classe dominante que mantenha a população na ignorância, disse,
afirmando que ela mesma, seus filhos e sua neta são frutos do ensino
público. Quando tivermos uma escola pública de qualidade, acabará com a comercialização do ensino”, concluiu.
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